Santa Cecília dança nos pés de Artesãos
Nova coreografia da cia. Artesãos do Corpo traz oito intérpretes para mostrar imagens tiradas de histórias do bairro central
A dança-teatro Cecília, da Artesãos do Corpo, estreia em 5 de maio (sábado), às 21h, no teatro Coletivo Fábrica, na Consolação. A temporada é curta e popular (ingresso R$ 10); apresentações até 20 de maio, sábados, 21h, e domingos, 20h.
A matéria-prima do espetáculo são breves narrativas sobre um bairro com nome de santa, com mote na vivência da companhia em Santa Cecília, onde tem sede e promove ações artísticas e socioculturais com os moradores e com a arquitetura da região, desde 2001 - agora, ela realiza como ação de formação gratuita em dança-teatro o Levante.
Com 13 anos de estrada, o grupo de Mirtes Calheiros joga para a plateia um argumento simples: sonhos. No tablado, fantasias ganham vida através dos movimentos de oito bailarinos-atores. A base do corpo cênico resulta de técnicas orientais (ioga, aikido, tai chi e do ho). “Durante os ensaios, pesquisamos as possibilidades de criar composições buscando estímulos internos do corpo (órgãos – coluna vertebral) e externos (vento, temperatura) na construção de imagens”, diz o ator-bailarino Ederson Lopes.
Após se inspirar livremente no livro As Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino, para conceber seu espetáculo anterior - Formas que o Acaso e o Vento Dão às Nuvens, apresentado nas ruas, a companhia volta novamente ao escritor.
Em Cidades Invisíveis, várias cidades pareciam estar descritas, mas o autor falava apenas de uma. “Ao enfocar a região de Santa Cecília, a companhia trata também de outros lugares com a mesma relação diária. Martirizada no século III, após ter sua garganta cortada, Santa Cecília sangrou três dias antes de morrer. Ao olhar sua imagem retorcida é impossível não se lembrar dos que vivem no chão das ruas da cidade”, diz a socióloga e bailarina Mirtes Calheiros, responsável pela concepção e direção.
Dois homens (Ederson Lopes e Ken Kronaz) que encontram uma mulher/anjo no chão e um animal que procura seu filhote na terra ocupada pelos “sem prantos” são algumas das histórias que procuram refazer o bairro por imagens.
Os estudos de antropologia e literatura ampliaram a pesquisa cênica e coreográfica dos intérpretes e a tradução dessas sensações em dança. Acostumada a se apresentar em lugares não convencionais, como ruas e parques, a companhia teve como foco de laboratório o contato do corpo com a cidade e leva sua experiência para o teatro.
Em Cecília, além do universo poético-urbano de Ítalo Calvino, o argumento coreográfico é baseado nas reflexões do sociólogo Zigmunt Bauman: quanto mais o espaço e a distância se reduzem, maior é a importância atribuída; quanto mais é depreciado o espaço, menos protetora é a distância, e mais obsessivamente as pessoas traçam e deslocam fronteiras.
Duração: 60 minutos Recomendação etária: 12 anos
Para roteiro: CECÍLIA
Curta temporada popular, de 5 a 20 de maio. Sábado, 21h, e domingo, 20h. Teatro Coletivo Fábrica, sala 1. 134 lugares. Rua da Consolação, 1.623, Consolação (estações Paulista e Consolação do metrô). Tel. 3255-5922. Acesso e banheiro para cadeirantes. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (estudante e terceira idade); a bilheteria abre uma hora antes do início do espetáculo. Estacionamento conveniado na rua da Consolação, 1.681 (R$ 10).
Breves perfis
Cia. Artesãos do Corpo
A dança em paisagens urbanas; a experimentação contínua dos princípios de Rudolf Laban; a criação em ato; e o tripé antropologia-dança-cidade são linhas de pesquisa da Cia. Artesãos do Corpo desde sua formação, em 1999, pela bailarina, socióloga e pesquisadora Mirtes Calheiros.
Desde 2006, promove o Visões Urbanas - Festival Internacional de Dança em Paisagens Urbanas, anualmente, no primeiro semestre em São Paulo. O evento integra a rede internacional de festivais de dança em espaços públicos CQD – Cidades que Dançam (www.cqd.info). Em sete edições, o Visões Urbanas reuniu bailarinos da América Latina e União Europeia (Bélgica, Portugal, Cuba, Argentina, Espanha, Turquia e França etc.).
Entre suas 15 criações (nove para o palco e seis para espaços não convencionais e paisagens urbanas) estão Cordeiro, Espasmos Urbanos, Pequeno Espaço Para Ser Eu Mesmo e Duas Mulheres com Sombrinhas Brancas no Lugar da Fábrica de Explosivos (PAC – Programa de Ação Cultura do Estado de São Paulo – 2007), apresentado em 2008 no Coletivo Fábrica, unidades do Sesc e Teatro de Dança.
Mirtes Calheiros, concepção e direção
Criadora, diretora e intérprete da Cia. Artesãos do Corpo desenvolve um estilo de criação a partir do improviso e da eloquência do corpo. Estudou com pesquisadores cênicos e mestres do Brasil e exterior como Yoshito Ohno, Akira Kasai e Toshi Tanaka, os três do Japão, Mamou Ba, do Senegal, e Dominique Bertrand, da França, e leciona dança-teatro, em Santa Cecília, em São Paulo. Socióloga e pesquisadora do movimento responde pela curadoria e direção artística do Visões Urbanas - Festival Internacional de Dança em Paisagens Urbanas.
Ficha técnica
Concepção, coreografia e direção: Mirtes Calheiros
Elenco: Bárbara Freitas, Ederson Lopes, Gisele Ross,
Ken Kronaz, Leandro Antônio, Margarita Hernandez,
Mirtes Calheiros e Odete Machado
Som: Marcelo Catelan
Luz: Bruno Garcia
Figurinos: Núcleo Artístico Artesãos do Corpo e Maria Gomes
Texto da cena “te voy a contar um cuento”: livremente inspirado no conto de Rubén Dario (Nicarágua – 1908)
Projeto Gráfico: Bruno Pucci
Fotos: Fabio Pazzini
Assessoria de imprensa: Luciana Cassas e Lica Nielsen
Produção: Ederson Lopes – The Woody Projetos Culturais
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